sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sereia potiguar



Bunita! Lindos cabelos negros ao vento. A beleza ímpar potiguar passa como brisa, por vezes aterrisa como tufão, suave veneno que deixa tudo mais colorido, mais claro, mais dinâmico. Amarelo, rosa choque, laranja, azulão, verde-limão; és tu, bonita, faceira, sorriso-safado, ousadia, frenética, que brilha feito estrela, trazendo o sol da manhã entre quatro paredes sem luz, com vidros e câmeras que imitam um simulacro de reality show.
Sereia, que seria da vida sem teus cabelos, quase sempre presos, mas que os poucos que viram, se encataram, assim como testemunham os pescadores que ouviram o canto de Iaiá das produndezas do mar?
A resposta está sempre na ponta da língua. Aliás, no rosto estão todas as respostas dessa moça que mais parece um dicionário de comunicação gestual. Quem convive algumas horas, já sabe que os olhos da bela morena dizem tudo, auxiliados pelos movimentos nasais, que dão o tom do discurso que não permanece por muito tempo engasgado naquela garganta.
Mas a Sereia sabe usar os mesmos gestos para enredar seus amores e admiradores, encantar seus 'súditos', persuadir suas fontes. E olha que nem precisa ser vítima do seu canto nem presenciar os tais cabelos ao vento. Basta sentir o acalanto e tudo parece suavizar.
Ei, bunita potiguar! Em qual degrau da escada acima dessa vida marota poderemos nos encontrar?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O artista das lentes



    Macaé é mais colorida (e mais real) porque uma lente está sempre atenta, desde as manhãs quentes do verão, até as madrugadas chuvosas da Serra. O artista cinquentenário é o documento vivo, às vezes em escalas de cinza, às vezes com matizes ímpares, que levam a beleza da cidade aos quatro cantos do mundo.

    Reconhecimento, teve pouco; lucro com sua arte, quase nada. Gratidão da cidade, essa sim! Se a bicentenária, e agora 'rainha do petróleo', falasse, certamente abraçaria Wanderley Gil com toda força, beijaria sua face e o quereria com amigo diário de conversas, daquela forma que somente os companheiros de toda uma vida sabem desfrutar de um silêncio, de uma paisagem, de um acontecimento...

    A memória viva de Macaé passeia todos os dias pelas ruas da cidade, solitário, distribuindo sorrisos e acenos. O ouvido largo escuta com atenção; nem sempre responde, mas certamente sempre tem opinião. De tudo um pouco suas lentes já testemunharam e é certo que tudo que Macaé possa fazer em sua homenagem será pouco diante de tanta dedicação.

    Gil, obrigada por me dar a oportunidade de diariamente escrever para a sua arte. Neste caso, quem se adapta ao teu prisma sou eu, humilde prática das letras e das informações, que tenta se aproximar da tua sabedoria ocular.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vento ventania


“Ei menina?”, diz ele para espantar a tristeza!
Ei, você, candeia acesa que, com o vento, que serve de alimento, nunca apaga. Movimento permanente, onde o silêncio raramente mora. Com o machado em punho, defende quem julga, em seu poder concedido pela coroa, estar sendo injustiçado. Ao teu lado, é como se trovões e raios estivessem sempre a postos para dissipar tudo que não presta, tudo que não é digno.
Êparrei, Oyá! Dignidade é a alegria dos justos. Caô, Cabecilê Xangô, escreve no teu livro a trajetória do aprendizado!
Pedras? Muitas pelo caminho, mas ele não se deixa levar pelo desânimo.
Mudanças? É o que mais ocorre no seu destino.
E de pedra em pedra, de corrente em corrente, vai dando vida por onde passa, preservando sorrisos, ensinando consideração, respeito e lealdade. Podem te confundir com dissimulação, ó fusão de marrom com ouro, mas no fundo és pureza e sentimento!
Que a espada de Oyá siga sempre na tua dianteira e que a machada de Xangô guarde os teus passos, te protegendo e dissipando energias negativas ao teu redor... levadas pelo vento que tudo renova!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A Monalisa de Quissamã




Sorriso enigmático, meio tímido, canto de boca. Silêncio é seu substantivo e progredir é seu verbo. Que estranho encanto guarda aquela morena, cuja pele lembra a textura do cacau já adoçado, em olhos serenos, mente afiada, poucas palavras, alvos certeiros...
Ela chegava antes de todos, antes do próprio talento, que ao seu lado fez morada, em rápidos toques no teclado móvel. Da timidez brotou a ousadia e da força de vontade surgiu o progresso, pai de muitas virtudes.
Os curiosos no início confundiam o sorriso emblemático com sofrimento; depois, passaram a notar a sutil sensualidade em ser discreta, porém com opinião formada.

  • Que queres tu, Monalisa?
  • Não sei. Só sei que quero fazer o mundo girar!
  • E como gira a roda que tu brincas?
  • Com longos suspiros e alguns sussurros propositais, certeiros, no tempo certo...

E assim, na 'roda viva' daquela moça nem tão faceira, mas muito competente, muitas letras ganharam vida, histórias foram contadas, vidas auxiliadas. Mas aquele sorriso... ninguém decifra!
 
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